- E ainda tinha Dudu no banco. Foto: http://palmeirashistoriagloriosa.blogspot.com
Amigo palmeirense, hoje completam-se exatos 35 anos de um título que infelizmente passou a ser em geral lembrado não com alegria, mas com tristeza. Para azar dos protagonistas daquela excelente campanha, lembrar do Paulista de 1976 não é falar de um time que em 28 partidas perdeu apenas uma, que triunfou com uma rodada de antecedência e ainda viu os arquirrivais terem um desempenho pífio; não, dizemos somente que foi o último título antes da fila. É compreensível, pois uma enorme geração de palmeirenses – o IPE inteiro entre eles – cresceu com aquela taça não vista por nós a martelar nossas cabeças a cada insucesso, por anos a fio. Mas é injusto.
Ora, se os anos 80 foram de pindaíba, isso não é responsabilidade dos atletas que nos trouxeram mais aquela taça. Por isso, vamos aqui relembrar aquela jornada e pedir ao torcedor que, daqui pra frente, quando alguém tocar no assunto, esqueça a melancolia.
O Campeonato Paulista de 1976 tinha 18 times, divididos em 3 grupos sabe-se lá por quê; afinal, na primeira fase todos jogavam contra todos. Enfim, os quatro primeiros de cada chave avançavam para a fase final, e a melhor entre todas as equipes ainda levaria um ponto extra.
O Palmeiras começou claudicante, com uma derrota logo na segunda rodada, para a Ponte Preta em Campinas, que acabaria sendo a única em toda a campanha. As vitórias se alternavam com empates e, após três igualdades seguidas contra equipes interioranas, Dino Sani caiu. Quem assumiu foi seu auxiliar técnico, que havia iniciado na função em janeiro, após se aposentar dos gramados: nada menos que nosso mito Dudu.
O time se estabilizou, fez sua parte e acabou vencendo o grupo C, com 25 pontos, fruto de 9 vitórias, 7 empates e uma única derrota. O tal ponto extra, no entanto, não veio: o Guarani, com 26 pontos, levou o prêmio.
Em nosso próprio grupo C, uma grande surpresa: o Santos acabou em quinto e foi eliminado da disputa. A divisão em grupos o afetou bastante, pois se o time da Vila estivesse em uma das outras chaves teria avançado; bom, regulamento assinado é regulamento combinado, e foi assim que o primeiro dos tradicionais adversários ficou pelo caminho.
A fase final previa um turno único entre os 12 clubes classificados; evidentemente o campeão seria quem somasse mais pontos. Ao empatar nas duas primeiras rodadas, o Guarani desperdiçou a vantagem que tinha; melhor para o Palmeiras, que batera América e Ferroviária e era o único time ainda com 100% de aproveitamento. Nas duas rodadas seguintes, outras vitórias (dessa vez contra São Bento e a revanche contra a Macaca), e o Verdão disparava. Enquanto isso, Corinthians e São Paulo colecionavam empates e derrotas, dando um tom caipira ao campeonato – até aquele ano, jamais os clubes do interior estiveram tão próximos da taça.
Dois 0 x 0 seguidos, contra Botafogo e Portuguesa, frearam um pouco o ritmo verde, mas naquelas rodadas houve vários empates, e o time continuou à frente. Na sequência, uma vitória magra contra o Noroeste e um empate contra o Guarani mantinham o clube no topo, faltando apenas três rodadas – e dois clássicos.
Naquele instante, o Corinthians, com uma campanha fraquíssima, já não tinha chances de título. As do São Paulo eram meramente matemáticas, do tipo “tem que ganhar todas e torcer para o Palmeiras perder todas”. Sobravam como adversários reais América, XV de Piracicaba e Guarani, numa época em que os grandes faziam valer seu peso.
O Choque-Rei aconteceu em 15/8, e Ademir da Guia tratou de resolvê-lo logo: aos 3 minutos, fez o único gol do jogo. No Morumbi, o Palmeiras enterrava ao mesmo tempo as pretensões são-paulinas e bugrinas. Três dias depois, aconteceria o confronto direto contra o Nhô Quim, que passara a ser o único time a ainda ter alguma chance, já que o Diabo empatara com o São Bento, dando adeus à disputa. A missão do alvinegro, porém, era dura: além de vencer o Palmeiras em pleno Parque Antarctica, seria necessário também na última rodada vencer e torcer para que o alviverde fracassasse no Derby.
Era muito difícil, e os palmeirenses sabiam disso – tanto que, naquela noite de quarta-feira, 18 de agosto de 1976, foi registrado o recorde de público de nosso velho Palestra Itália. Oficialmente, foram 40283 torcedores; uma multidão que explodiu aos 39 minutos do primeiro tempo, quando Jorge Mendonça fez o tento que selaria o destino daquele Paulistão. O valente XV de Piracicaba não conseguiu buscar os gols que necessitava, e o apito final de Romualdo Arppi Filho disparou a festa pelo 18º título estadual.
A celebração, porém, não estaria completa antes do Derby que encerraria o certame; mas, naquele momento, o Corinthians não poderia ameaçar o campeão. Em apenas 15 minutos, Mendonça abriria 2 a 0 de vantagem, e o rival só conseguiria descontar no segundo tempo. A vitória por 2 a 1 impediu que o alvinegro carimbasse a faixa e foi a cereja no bolo desta conquista mais do que merecida.
Foi, em resumo, uma bela campanha de 28 partidas, 17 vitórias, 10 empates e 1 derrota; 39 gols feitos e 18 sofridos. Nosso artilheiro foi Mendonça, com 10 gols, seguido por Edu e Ademir (7 cada), Toninho (6) e Zuza (2). Marcaram um gol cada Rosemiro, Altimar, Didi, Pires, Nei, Itamar e Jair Gonçalves.
FICHA TÉCNICA DA DECISÃO
18/08/1976 – PALMEIRAS-SP 1 x 0 XV DE PIRACICABA-SP – CAMPEONATO PAULISTA
Estádio Palestra Itália – Parque Antártica – São Paulo / SP – Brasil – Público: 40.283 pagantes e não pagantes – Renda: Cr$ 777.915,00
Árbitro: Romualdo Arppi Filho (SP)
Palmeiras (São Paulo/SP): Leão, Valdir, Samuel, Arouca, Ricardo, Pires, Ademir da Guia, Edu, Jorge Mendonça, Toninho, Nei – Técnico: Dudu
XV de Novembro (Piracicaba/SP): Doná, Volmil, Fernando, Elói, Almeida, Muri, Vágner, Pitanga, Nardela (Capitão), Benê (Paulinho), João Paulo – Técnico: Dema
Gol: Jorge Mendonça (Palmeiras), 39 min primeiro tempo
To começando a achar que o Paulistão 2008 é o Paulista 1976 dos novos tempos…
Infelizmente eu concordo com vc Alvaro. Foi uma bela campanha, um bom time, mas vem sendo ignorado sistematicamente por não ter tido outros titulos de maior peso para fazer “compania”
Como diria – e cantava – um personagem da Praça é Nossa, o Lilico:”Tempo êê,não volta mais….saudade…..”
[…] Este ano não há confrontos inéditos; pelo contrário, reveremos alguns antigos adversários de tradição, como o Comercial e o XV de Piracicaba. Curiosamente, já fomos campeões em jogos contra ambos: em 1966, ao ganharmos dos riberopretanos; 10 anos depois, ao bater os quinzistas. […]
Sou Palmeiras desde 1976, quando Vasconcelos e Jorge Mendonca saíram do Náutico para o verdao .
Jorge Mendonca só foi artilheiro do campeonato em 1981 porque a camisa do Guarani era verde
uma pena que as unicas imagens do jogo disponiveis estejam em preto e branco
Eu então com 10 anos de idade junto com meu amado e saudoso pai Walter estávamos entre essas 40.283 pessoas. Foi o último título que papai veria já que em 1983 ele foi pro céu. Inesquecível!