Foram 57 jogos no comando do Palmeiras, com 33 vitórias, 13 empates, 11 derrotas e um vice-campeonato paulista. Otacílio Gonçalves, que estreou na casamata verde no dia do 78° aniversário do Alviverde Imponente, não resistiu à pressão de torcida e, por que não dizer, imprensa. Sua saída foi anunciada na manhã do sábado que precedia o Choque-Rei, embora na verdade o treinador já houvesse pedido demissão na tarde da sexta-feira, dia 16, mas solicitado à diretoria que não vazasse a notícia para poder descansar um pouco.
O fato é que os dirigentes de Palmeiras e Parmalat não estavam dispostos a demiti-lo; claro que havia a voz das numeradas, os famosos corneteiros amendoins, mas da parte de quem efetivamente mandava não havia sinal de dispensa. Gilberto Cipullo e Seraphin del Grande ressaltaram que a decisão realmente partira do próprio Chapinha, que alegara que vitórias consecutivas não trariam paz; bastaria uma derrota para que as crises voltassem – e nisso ele estava coberto de razão, pois foi exatamente o que ocorrera naquela semana.
Inegavelmente o já então ex-treinador teve dignidade. Logo após a derrota para o Mogi, questionado sobre as vaias que ouvira, ele foi de uma sinceridade cortante: disse que o torcedor tinha todo direito de protestar, ainda mais aquele que há 16 anos não via seu time triunfar. Esse estilo deixou marcas no elenco: por mais que se falasse na falta de pulso no comando das estrelas, o gaúcho tinha a simpatia de grande parte do plantel; César Sampaio, Antonio Carlos e Mazinho, entre outros, demonstraram chateação, e não havia motivo para crer que não fosse verdadeira.
Enfim, Otacílio Gonçalves da Silva Júnior havia deixado o Palmeiras após 23 rodadas do Paulistão, e posteriormente assumiria o Atlético Mineiro. Teria sua parcela na conquista que viria dali a 15 jogos e dois meses, mas por uma decisão que demonstrou bastante desapego, pensada para o bem dele e também do clube, ficou como mártir pelo caminho. Será que o destino do campeonato teria sido o mesmo se ele tivesse permanecido?
E o futuro? Raul Pratali, ex-goleiro e então treinador do time sub-20 (e hoje secretário de Esportes de Cravinhos, interior paulista), seria o responsável por conduzir o time no clássico e no decisivo jogo contra o Vitória pela Copa do Brasil dali a três dias (o Verdão havia perdido por 2 a 1 na ida). Mas é claro que ele não seria efetivado, e os nomes já circulavam.
Seis nomes eram ventilados, cinco deles sem emprego. Na pole position, estavam um ex-técnico da Seleção Brasileira, Sebastião Lazaroni, e o campeão paulista de 1990 pelo Bragantino, Wanderley Luxemburgo. Porém também eram citados Nelsinho Rosa (campeão brasileiro de 1989 pelo Vasco, não confundir com Nelsinho Baptista, que estava no Corinthians), Cilinho, Falcão e, o único em atividade, Oswaldo Alvarez.
Convenhamos: nenhum deles era um nome que empolgava o torcedor, que liderava o campeonato, mas temia ser um cavalo paraguaio. O Palmeiras, como sempre, pegava fogo.
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